ELEIÇÕES 2010
Iris e Marconi estão quase prontos
Candidatura de Vanderlan ainda não conseguiu se inserir para valer no processo sucessório, praticamente dividido entre as forças do peemedebista e do tucano
AFONSO LOPES
Projeto eleitoral de Iris está adiantado, precisando apenas resolver bobagens como a da discussão da chapa pura
Passado o segundo grande momento das eleições deste ano, o do prazo final das desincompatibilizações — o primeiro foi em outubro do ano passado, data das filiações partidárias —, hora de fazer o balanço da situação. Iris Rezende e Marconi Perillo se encontram em posição avançada, com quase tudo já preparado para a chegada das convenções partidárias, em junho, etapa definitiva para a ocupação das ruas pelas campanhas. Vanderlan Vieira, por sua vez, ainda vê sua candidatura na fase embrionária. E não houve qualquer evolução prática desde que seu nome foi lançado.
É claro que essa situação pode não ser definitiva, mas é claro também que não é nada confortável. Pelo tamanho do passo que ele deu no final do mês passado, abandonando no início o segundo mandato eletivo que conquistou, o de prefeito da cidade de Senador Canedo, talvez ele esperasse muito mais ação efetiva do que tem visto. Por enquanto, Vanderlan não teve uma única boa notícia neste período. Nada de nada. A não ser que se considere uma visita ao deputado federal e presidente nacional do PP, o carioca Francisco Dornelles, algo a ser comemorado.
Já o ex-prefeito Iris Rezende se vê no meio de fogo amigo, com setores conservadores do PMDB discutindo a composição das demais posições dentro de sua chapa majoritária. É uma bobagem sem tamanho. Primeiro, porque isso só separa e não une. Segundo, pelo mais óbvio motivo: não será este ou aquele setor partidário que definirá esse tipo de coisa. Iris não tem somente a última palavra sobre seus companheiros de chapa, tem a palavra. O resto é tititi de comadres e compadres.
Marconi também está com a casa arrumada, de olho no tempo de TV do DEM?para ficar ainda mais competitivo
Em linhas gerais, Iris está pronto para a caminhada em direção às convenções partidárias. Inicialmente, ele vive situação privilegiada. Se não somar mais nenhum grande partido para sua aliança, ainda assim ele estará em condições de disputar pra valer o Palácio das Esmeraldas. Aquilo que ele tem hoje, PMDB e PT, forma uma frente poderosa, que soma um ótimo tempo de TV e rádio. Ou seja, se conquistar mais alguma coisa só tende a aumentar o lucro.
A situação do senador Marconi Perillo é melhor ainda. Ele tem o controle total e liberdade idem dentro do PSDB e vem contando com apoio total de seus dois aliados principais, o PTB e o PPS. Essa aliança é suficiente para mantê-lo com forte perspectiva de vitória em outubro deste ano. Ao contrário do que imaginavam seus adversários, Marconi soma neste momento 4 minutos de TV, mesmo tempo de Vanderlan Vieira e um minuto menos que a coligação de Iris Rezende. Ou seja, ele está na briga pela ponta.
E essa liderança na campanha eletrônica está sendo tentada de forma progressiva e bem estruturada. A definição do quadro está nas mãos do DEM, que detém 1 minuto e meio de propaganda no rádio e na TV. Em outras palavras, se os democratas fecharem a aliança com os tucanos, Marconi irá para a disputa eleitoral com o maior tempo de campanha eletrônica.
Definição
Mas para qual lado penderá o DEM? Difícil responder, mas é inegável uma certa tendência favorável à aliança com o PSDB. Principalmente depois que o presidente democrata, deputado federal Ronaldo Caiado, declarou peremptoriamente que não vai impor decisão goela abaixo no partido. Ao contrário, ele deixou claro que essa definição passará pelas bases do DEM.
Pelo menos até onde se percebe na parte visível das bases democratas, é fortíssima a tendência de reaproximação com os tucanos. Além da convivência e da parceria vitoriosa no passado com o PSDB, o DEM, desde o seu mais alto comando no Estado até o vereador menos votado na menor cidade em que o partido conquistou mandato, não tem tanta ligação política com o PR de Vanderlan e, principalmente, com o mentor de sua candidatura, o deputado Sandro Mabel.
Esse, por sinal, é mais um indicativo de que dificilmente o DEM vai se acoplar aos interesses político-eleitorais do PR. Mabel já pertenceu ao democrata e saiu de lá queimando pontes. Isso aconteceu em 2002, quando o hoje republicano buscou legenda após ter vivido alguns anos no PMDB de Iris Rezende Machado. Ao justificar porque estava deixando o DEM após conquistar mandato de deputado federal pelo partido, Mabel metralhou politicamente a liderança de Caiado ao afirmar que não se sentia bem dentro de um partido que tem dono.
Se Caiado não tem a mínima disposição de apoiar Mabel, mesmo que indiretamente, é fácil imaginar para onde as bases democratas irão apontar? Apressadamente, sim. Na prática, não. O Palácio das Esmeraldas tem prometido um jogo duríssimo para reforçar a candidatura e a aliança em torno de Vanderlan Vieira. Isso significa que os prefeitos e vereadores democratas irão passar por forte pressão política nos próximos dois meses. Para isso, o governo faz o possível para arrumar dinheiro em Brasília. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu encher os cofres do Estado.
Confusão
O problema nessa história toda é um pouco mais complicado. Iris Rezende e o PMDB tendem a estimular ações mais contundentes de oposição aos interesses do Palácio como forma de não permitir que a candidatura de Vanderlan consiga penetrar com mais intensidade na base lulista. Até porque isso significaria prejuízos imediatos à candidatura de Iris, que já corre dentro desse eixo. Ou seja, quanto mais o Palácio forçar a barra em favor de Vanderlan, mais dura deve ser a oposição do PMDB, que poderá contar inclusive com apoio do próprio PT, diretamente interessado no sucesso eleitoral de Iris. Mas por enquanto Vanderlan está livre para fazer o que quiser já que não representa ameaça séria aos domínios iristas dentro do processo sucessório.
Isso revela como está sendo difícil para a chamada terceira grande candidatura conseguir se firmar. E não é só no grande cenário que essas dificuldades estão presentes. No varejo interno a coisa também não vai nada bem. O PP, por exemplo, onde o Palácio das Esmeraldas poderia, em tese, fazer e acontecer, rebelou-se de maneira absolutamente clara e quase todos os prefeitos da sigla foram ao encontro do senador Marconi Perillo tão logo Vanderlan foi lançado candidato à sucessão de Alcides Rodrigues.
Algumas lideranças do PP trataram de botar panos quentes na rebelião, mas não deu pra esconder o tamanho da encrenca. Com uma sinceridade espantosa, o secretário-geral do PP, Sérgio Lucas, durante debates promovidos no programa Paulo Beringhs, pela TV Goiânia, domingo, 4, foi absolutamente claro ao abordar esse tema. Com propriedade, Lucas disse que os prefeitos foram para o outro lado, e que há somente uma maneira de trazê-los de volta: conversando.
Essa, no fundo, é a grande questão a ser resolvida pelo Palácio e pelo próprio Vanderlan: fazer política. Ninguém entra e trabalha num projeto onde não exista cumplicidade e compromissos de um lado e do outro. É exatamente este o caso. O lançamento da candidatura de Vanderlan pode ter atendido muito mais aos interesses de Mabel e de seu comando junto ao PR do que à base palaciana como um todo. Ou seja, Mabel não tinha nada para oferecer numa grande mesa de negociações. Agora tem. E o Palácio das Esmeraldas embarcou nessa também pela conveniência dentro de seus desencontros com o PSDB. Sem Vanderlan não havia nada. O problema é que continua não havendo nada, nem mesmo o apoio da maioria dos prefeitos e diretórios municipais pepistas a esse projeto eleitoral.
A reação do ex-deputado federal e presidente do PP, Sérgio Caiado, de espalhar ameaças de intervenção e, em casos extremos, talvez até de expulsão do partido àqueles que não se alinharem automaticamente com Vanderlan, dá contornos da exata dimensão da crise interna. O problema é real e muito sério. E o que se tem feito para amenizar essa situação? Ou pouco, ou nada.
Na verdade, as ações de Marconi Perillo e de Iris Rezende dentro do processo eleitoral têm sido muito mais consistentes. Vanderlan, a rigor, não consegue navegar em águas calmas nem dentro do seu partido, o PR. Pelo contrário, é provável que falte a ele algum outro apoio tão pessoal e dedicado como o de Sandro Mabel dentro do próprio PR.
Esse panorama geral indica que neste momento a situação de Vanderlan Vieira é tão complicada quanto sempre foi. Ele terá que fazer algo que ainda é meio misterioso para ele, política. Seu principal aliado, o Palácio das Esmeraldas, não tem muito o que oferecer nesse quesito, já que igualmente parece se preocupar mais em ameaçar quem é de casa, mas descontente, do que conversar. Por fim, o próprio comando do PR não é exatamente um supra-sumo da articulação política.
Já os dois principais concorrentes ao governo, Marconi e Iris, precisam somente evitar arestas e manter o curso atual. E prepararem-se para, se for o caso, recolher os náufragos do projeto PR/Palácio das Esmeraldas. Pode ser uma operação necessária futuramente.
Candidatura de Vanderlan ainda não conseguiu se inserir para valer no processo sucessório, praticamente dividido entre as forças do peemedebista e do tucano
AFONSO LOPES
Projeto eleitoral de Iris está adiantado, precisando apenas resolver bobagens como a da discussão da chapa pura
Passado o segundo grande momento das eleições deste ano, o do prazo final das desincompatibilizações — o primeiro foi em outubro do ano passado, data das filiações partidárias —, hora de fazer o balanço da situação. Iris Rezende e Marconi Perillo se encontram em posição avançada, com quase tudo já preparado para a chegada das convenções partidárias, em junho, etapa definitiva para a ocupação das ruas pelas campanhas. Vanderlan Vieira, por sua vez, ainda vê sua candidatura na fase embrionária. E não houve qualquer evolução prática desde que seu nome foi lançado.
É claro que essa situação pode não ser definitiva, mas é claro também que não é nada confortável. Pelo tamanho do passo que ele deu no final do mês passado, abandonando no início o segundo mandato eletivo que conquistou, o de prefeito da cidade de Senador Canedo, talvez ele esperasse muito mais ação efetiva do que tem visto. Por enquanto, Vanderlan não teve uma única boa notícia neste período. Nada de nada. A não ser que se considere uma visita ao deputado federal e presidente nacional do PP, o carioca Francisco Dornelles, algo a ser comemorado.
Já o ex-prefeito Iris Rezende se vê no meio de fogo amigo, com setores conservadores do PMDB discutindo a composição das demais posições dentro de sua chapa majoritária. É uma bobagem sem tamanho. Primeiro, porque isso só separa e não une. Segundo, pelo mais óbvio motivo: não será este ou aquele setor partidário que definirá esse tipo de coisa. Iris não tem somente a última palavra sobre seus companheiros de chapa, tem a palavra. O resto é tititi de comadres e compadres.
Marconi também está com a casa arrumada, de olho no tempo de TV do DEM?para ficar ainda mais competitivo
Em linhas gerais, Iris está pronto para a caminhada em direção às convenções partidárias. Inicialmente, ele vive situação privilegiada. Se não somar mais nenhum grande partido para sua aliança, ainda assim ele estará em condições de disputar pra valer o Palácio das Esmeraldas. Aquilo que ele tem hoje, PMDB e PT, forma uma frente poderosa, que soma um ótimo tempo de TV e rádio. Ou seja, se conquistar mais alguma coisa só tende a aumentar o lucro.
A situação do senador Marconi Perillo é melhor ainda. Ele tem o controle total e liberdade idem dentro do PSDB e vem contando com apoio total de seus dois aliados principais, o PTB e o PPS. Essa aliança é suficiente para mantê-lo com forte perspectiva de vitória em outubro deste ano. Ao contrário do que imaginavam seus adversários, Marconi soma neste momento 4 minutos de TV, mesmo tempo de Vanderlan Vieira e um minuto menos que a coligação de Iris Rezende. Ou seja, ele está na briga pela ponta.
E essa liderança na campanha eletrônica está sendo tentada de forma progressiva e bem estruturada. A definição do quadro está nas mãos do DEM, que detém 1 minuto e meio de propaganda no rádio e na TV. Em outras palavras, se os democratas fecharem a aliança com os tucanos, Marconi irá para a disputa eleitoral com o maior tempo de campanha eletrônica.
Definição
Mas para qual lado penderá o DEM? Difícil responder, mas é inegável uma certa tendência favorável à aliança com o PSDB. Principalmente depois que o presidente democrata, deputado federal Ronaldo Caiado, declarou peremptoriamente que não vai impor decisão goela abaixo no partido. Ao contrário, ele deixou claro que essa definição passará pelas bases do DEM.
Pelo menos até onde se percebe na parte visível das bases democratas, é fortíssima a tendência de reaproximação com os tucanos. Além da convivência e da parceria vitoriosa no passado com o PSDB, o DEM, desde o seu mais alto comando no Estado até o vereador menos votado na menor cidade em que o partido conquistou mandato, não tem tanta ligação política com o PR de Vanderlan e, principalmente, com o mentor de sua candidatura, o deputado Sandro Mabel.
Esse, por sinal, é mais um indicativo de que dificilmente o DEM vai se acoplar aos interesses político-eleitorais do PR. Mabel já pertenceu ao democrata e saiu de lá queimando pontes. Isso aconteceu em 2002, quando o hoje republicano buscou legenda após ter vivido alguns anos no PMDB de Iris Rezende Machado. Ao justificar porque estava deixando o DEM após conquistar mandato de deputado federal pelo partido, Mabel metralhou politicamente a liderança de Caiado ao afirmar que não se sentia bem dentro de um partido que tem dono.
Se Caiado não tem a mínima disposição de apoiar Mabel, mesmo que indiretamente, é fácil imaginar para onde as bases democratas irão apontar? Apressadamente, sim. Na prática, não. O Palácio das Esmeraldas tem prometido um jogo duríssimo para reforçar a candidatura e a aliança em torno de Vanderlan Vieira. Isso significa que os prefeitos e vereadores democratas irão passar por forte pressão política nos próximos dois meses. Para isso, o governo faz o possível para arrumar dinheiro em Brasília. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu encher os cofres do Estado.
Confusão
O problema nessa história toda é um pouco mais complicado. Iris Rezende e o PMDB tendem a estimular ações mais contundentes de oposição aos interesses do Palácio como forma de não permitir que a candidatura de Vanderlan consiga penetrar com mais intensidade na base lulista. Até porque isso significaria prejuízos imediatos à candidatura de Iris, que já corre dentro desse eixo. Ou seja, quanto mais o Palácio forçar a barra em favor de Vanderlan, mais dura deve ser a oposição do PMDB, que poderá contar inclusive com apoio do próprio PT, diretamente interessado no sucesso eleitoral de Iris. Mas por enquanto Vanderlan está livre para fazer o que quiser já que não representa ameaça séria aos domínios iristas dentro do processo sucessório.
Isso revela como está sendo difícil para a chamada terceira grande candidatura conseguir se firmar. E não é só no grande cenário que essas dificuldades estão presentes. No varejo interno a coisa também não vai nada bem. O PP, por exemplo, onde o Palácio das Esmeraldas poderia, em tese, fazer e acontecer, rebelou-se de maneira absolutamente clara e quase todos os prefeitos da sigla foram ao encontro do senador Marconi Perillo tão logo Vanderlan foi lançado candidato à sucessão de Alcides Rodrigues.
Algumas lideranças do PP trataram de botar panos quentes na rebelião, mas não deu pra esconder o tamanho da encrenca. Com uma sinceridade espantosa, o secretário-geral do PP, Sérgio Lucas, durante debates promovidos no programa Paulo Beringhs, pela TV Goiânia, domingo, 4, foi absolutamente claro ao abordar esse tema. Com propriedade, Lucas disse que os prefeitos foram para o outro lado, e que há somente uma maneira de trazê-los de volta: conversando.
Essa, no fundo, é a grande questão a ser resolvida pelo Palácio e pelo próprio Vanderlan: fazer política. Ninguém entra e trabalha num projeto onde não exista cumplicidade e compromissos de um lado e do outro. É exatamente este o caso. O lançamento da candidatura de Vanderlan pode ter atendido muito mais aos interesses de Mabel e de seu comando junto ao PR do que à base palaciana como um todo. Ou seja, Mabel não tinha nada para oferecer numa grande mesa de negociações. Agora tem. E o Palácio das Esmeraldas embarcou nessa também pela conveniência dentro de seus desencontros com o PSDB. Sem Vanderlan não havia nada. O problema é que continua não havendo nada, nem mesmo o apoio da maioria dos prefeitos e diretórios municipais pepistas a esse projeto eleitoral.
A reação do ex-deputado federal e presidente do PP, Sérgio Caiado, de espalhar ameaças de intervenção e, em casos extremos, talvez até de expulsão do partido àqueles que não se alinharem automaticamente com Vanderlan, dá contornos da exata dimensão da crise interna. O problema é real e muito sério. E o que se tem feito para amenizar essa situação? Ou pouco, ou nada.
Na verdade, as ações de Marconi Perillo e de Iris Rezende dentro do processo eleitoral têm sido muito mais consistentes. Vanderlan, a rigor, não consegue navegar em águas calmas nem dentro do seu partido, o PR. Pelo contrário, é provável que falte a ele algum outro apoio tão pessoal e dedicado como o de Sandro Mabel dentro do próprio PR.
Esse panorama geral indica que neste momento a situação de Vanderlan Vieira é tão complicada quanto sempre foi. Ele terá que fazer algo que ainda é meio misterioso para ele, política. Seu principal aliado, o Palácio das Esmeraldas, não tem muito o que oferecer nesse quesito, já que igualmente parece se preocupar mais em ameaçar quem é de casa, mas descontente, do que conversar. Por fim, o próprio comando do PR não é exatamente um supra-sumo da articulação política.
Já os dois principais concorrentes ao governo, Marconi e Iris, precisam somente evitar arestas e manter o curso atual. E prepararem-se para, se for o caso, recolher os náufragos do projeto PR/Palácio das Esmeraldas. Pode ser uma operação necessária futuramente.
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