Alexandre e Anna Carolina devem ir a júri popular

Decisão vai ser anunciada ainda esta semana.
Há um ano o Brasil parou para acompanhar uma história triste: a morte da menina Isabella Nardoni, de cinco anos. Hoje o Brasil pergunta: por que os dois acusados - o pai de Isabella, Alexandre Nardoni, e a madrasta Anna Carolina Jatobá, ainda não foram julgados? Em que pé está o processo? Como os dois vivem na cadeia? A reportagem é de Valmir Salaro.

Um dos últimos momentos em que a família Nardoni esteve toda reunida foi durante uma reportagem do Fantástico. Imagens inéditas mostram Alexandre, Anna Carolina Jatobá e os dois filhos do casal. A gravação foi no dia 20 de abril do ano passado, quando o pai e a madrasta de Isabella falaram com exclusividade ao Fantástico.

Dezessete dias depois, a Justiça aceitou a denúncia contra Alexandre e Anna Carolina. Os dois foram presos, acusados de matar a filha de Alexandre, Isabella, de 5 anos. Esta cena nunca mais se repetiu.

Para o Ministério Público, esse período de um ano entre o assassinato de Isabella, no dia 29 de março, até hoje, serviu para aumentar a convicção de que o casal é culpado.

"A prova que eu possuía quando propus a ação penal foi encorpada com o que obtivemos em juízo", garante o promotor de Justiça Francisco Cembranelli.

Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá aguardam o julgamento - que ainda não tem data definida - em cadeias da cidade de Tremembé, no interior de São Paulo. O pai de Isabella está preso há 11 meses em uma penitenciária. E a madrasta, no presídio feminino, a cerca de três quilômetros de distância.

Informações obtidas pelo Fantástico revelam que Alexandre Nardoni fica numa cela de 24 metros quadrados, com mais quatro presos. A mesma situação de Anna Carolina Jatobá, que é acusada de esganar a enteada. Na penitenciária, ela frequenta os cultos evangélicos e ajuda na limpeza.

Alexandre - que segundo a polícia, jogou a filha pela janela - chegou a participar das aulas de música, mas desistiu. Na maior parte do tempo, ele assiste televisão.

"Estão até bem integrados à rotina carcerária. Demonstra até um certo conformismo com a situação", comenta o promotor de Justiça Francisco Cembranelli.

A informação é que, na cadeia, Alexandre e Anna Carolina receberam uma única visita dos filhos. O casal reclama que sente muita saudade dos meninos. Procurado pelo Fantástico, o pai de Alexandre, o advogado Antonio Nardoni, preferiu não gravar entrevista. Mas disse que os netos, atualmente com 4 e com 2 anos, choram quase todos os dias desde que se separaram dos pais.

Desde a prisão, os advogados de defesa tentam conseguir um habeas corpus, para que o casal pudesse responder ao processo em liberdade. Todos os pedidos foram negados sucessivamente. Primeiro, no Tribunal de Justiça de São Paulo. Depois, em Brasília: no Superior Tribunal de Justiça e no Supremo Tribunal Federal, a instância máxima do Poder Judiciário brasileiro.

"Seriam levados a julgamento no início do ano, não fosse o recurso interposto pela defesa", diz o promotor de Justiça Francisco Cembranelli.

Nesta semana, o Fantástico procurou os advogados do casal, mas nenhum quis gravar entrevista. A estratégia é manter o silêncio, às vésperas de um momento considerado crucial pela defesa.

Uma das decisões mais importantes do processo vai ser anunciada nesta terça-feira (24), na sala do tribunal de Justiça de São Paulo. Os desembargadores vão julgar se Anna Carolina Jatobá e Alexandre Nardoni devem ou não ir a júri popular. Os advogados de defesa alegam que o pai e a madrasta de Isabella Nardoni são inocentes e que não existem provas concretas contra os dois.

Segundo juristas, pelo andamento do processo e pelas decisões anteriores, dificilmente o casal vai se livrar de ficar frente a frente com os sete jurados, que compõem o tribunal do júri. Os nomes dos jurados são definidos por sorteio.

"O jurado tem um poder tão grande, tão amplo, que ele decide de acordo com a consciência dele", aponta o juiz do Tribunal de Justiça/SP Richard Chequini.

Os advogados de defesa ainda podem entrar com outros recursos na Justiça. Mas, o Ministério Público tem uma previsão: acredita que o pai e a madrasta de Isabella sejam julgados no início do segundo semestre ou, no máximo, até o começo do ano que vem. Se condenados, a pena deve passar dos 12 anos de prisão.

"A ideia continua a mesma, de levá-los a julgamento, objetivando uma decisão compatível com o interesse social. Acredito que eles serão condenados por unanimidade", diz Francisco Cembranelli

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

UM POUCO DA HISTORIA DE TÔNICO TOQUEIRO

Motociclista após colidir com caminhão no Bairro Capuava

Prefeitura inicia obra do Monumento das Bençãos