Reforma Administrativa: União deve anunciar cortes de até 90% de comissionados
A reforma administrativa elaborada pelo governo federal prevê o
corte de quase 90% dos cargos de livre nomeação. Os comissionados passariam de 22 mil para
apenas três mil (19 mil a menos). A previsão é que o Ministério da Economia
envie a proposta ao Congresso ainda nesta quinta-feira (31/10/2019).
A proposta de reforma administrativa desenhada pela equipe
econômica do presidente Jair Bolsonaro (PSL) pretende ainda mudar regras de
contratação, salário, jornada e estabilidade do servidor público. As mudanças
valerão para aqueles que se tornarem servidores após a aprovação do projeto
pelo Congresso.
Atualmente, o governo federal tem em seu quadro
de pessoal 21.705 comissionados, sendo postos em Direção e Assessoramento
Superiores (DAS), Funções Comissionadas do Poder Executivo (FCPE),
contratados para agências reguladoras, universidades federais e de natureza
especial.
Os servidores em cargo de DAS, por exemplo, são 11.578. Os dados
fazem parte de um levantamento do Metrópoles,
com base em dados do Painel de Estatística de Pessoal (PEP). A maior parcela
dos comissionados (23,9%) ocupam cargos de DAS 2 — os níveis variam de um a
seis.
Somente no DF, são 8.542 DASs. Os órgãos com mais funções do
tipo são a Presidência da República (16,8%), o Ministério da
Economia (11,4%), Ministério da Justiça (7,2%), Ministério da Cidadania (6,5%)
e Ministério da Educação (5,8%).
Em menor número, os cargos de FCPE somam 4.807, divididos
sobretudo no Ministério da Economia (12,1%), Ministério da Educação (9,1%),
Ministério Público (7,5%), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(7,45%) e Presidência da República (7,2%).
Regras mais duras
A proposta do governo de redução no volume de comissionados não é a primeira mudança de equipe de Bolsonaro no setor. A ocupação passou por mudanças em março.
A proposta do governo de redução no volume de comissionados não é a primeira mudança de equipe de Bolsonaro no setor. A ocupação passou por mudanças em março.
O Decreto nº 9.727 foi elaborado pelo Ministério da
Economia em conjunto a Controladoria-Geral da União (CGU). O documento serve de
parâmetro para a edição das novas regras.
Entre as mudanças colocados em prática pelo governo, está a
exigência de idoneidade moral e reputação ilibada; perfil profissional ou
formação acadêmica compatível com o cargo ou função para o qual for indicado; e
não se enquadrar nas hipóteses de inelegibilidade regulados pela Lei da Ficha
Limpa
Além disso, no caso de DAS 5, 6 ou equivalentes, só o
ministro-chefe da Casa Civil pode determinar as nomeações. Ele é a única
autoridade que pode nomear o chefe da Assessoria Parlamentar e o titular de
órgão jurídico da Procuradoria-Geral Federal das autarquias e fundações do governo federal.
As instituições públicas federais poderão optar pela realização
de processo seletivo destinado a subsidiar a nomeação ou a designação para
esses cargos comissionados. A partir de 15 de janeiro de 2020, cada órgão e
entidade deverá manter atualizados os perfis profissionais de todos os cargos
de DAS e FCPE, níveis 5 e 6.
Versão
oficial
A previsão do Ministério da Economia é que a proposta da reforma administrativa seja divulgada nesta quinta-feira (31/10/2019). A pasta, contudo, não comenta o conteúdo total das medidas. “O Ministério da Economia não se pronunciará até o anúncio da reforma”, destaca, em nota.
A previsão do Ministério da Economia é que a proposta da reforma administrativa seja divulgada nesta quinta-feira (31/10/2019). A pasta, contudo, não comenta o conteúdo total das medidas. “O Ministério da Economia não se pronunciará até o anúncio da reforma”, destaca, em nota.
O único posicionamento do governo é que a reforma manterá a estabilidade, o emprego e os salários dos servidores
públicos atuais. Em comunicado nesta terça-feira (29/10/2019), a pasta informou
que a proposta pretende “aumentar a eficiência do Estado e reequilibrar o
orçamento não apenas da União”.
Antes mesmo de o governo apresentar a integralidade do projeto,
as mudanças provocam discordância entre entidades sindicais e poder público. O
Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas do Estado (Fonacate) e a
Confederação Nacional dos Trabalhadores Federais (Condsef) articulam uma
estratégia para barrar as mudanças.
Veja outros pontos da
reforma administrativa:
·
Reduzir em até 80% o número de categorias do funcionalismo público
federal. Inicialmente, o governo estuda diminuir as atuais 117 para algo entre
20 e 30.
·
Flexibilização das regras para que se possa movimentar servidores com
atribuições semelhantes sem esbarrar em questionamentos judiciais.
·
Os salários iniciais devem ser reduzidos e as tabelas remuneratórias,
reorganizadas. O objetivo é fazer com que os rendimentos dos servidores fiquem
mais próximos aos praticados pelo setor privado.
·
O governo quer mudar as regras para promoção de cargos e função,
aumentando em tempo e critérios as normas.
·
A estabilidade para os futuros servidores também está em xeque.
·
O projeto de reforma administrativa prevê a possibilidade de redução da jornada e dos salários do funcionalismo público.
Os que decidirem reduzir a jornada diária de trabalho também terão os
vencimentos reduzidos.
·
Os que atuam no Executivo federal manterão a maior parte das
prerrogativas, e serão afetados por mudanças pontuais.
·
O governo pretende criar critérios de avaliação de desempenho anual. A
nova regra possibilita demissões.
Metrópoles
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