Justiça de SP pode decidir até sexta sobre benefício a Suzane Richthofen

Até a próxima sexta-feira (31), os portões da Penitenciária Feminina de Tremembé, a 140 km de São Paulo, podem se abrir para Suzane von Richthofen, ré confessa do assassinato dos pais. Condenada a 38 anos de prisão, Suzane pode conseguir esta semana o direito ao regime semiaberto. Ou seja, ela poderá passar o dia fora da prisão e voltar apenas para dormir.


A jovem, de 25 anos, está presa há quase seis anos. Um funcionário que convive diariamente com ela descreve a rotina no presídio. “Não se envolve em nenhum problema dentro da cadeia, não é fofoqueira, não é nada. Tranquila, na dela. Trabalha todo dia, o dia inteiro e ajuda também em outras áreas quando é necessário”, revela.
O trabalho na fábrica de roupas da penitenciária contribui para reduzir a pena de Suzane. Nas contas da Justiça, ela já cumpriu um sexto da condenação, tempo mínimo para ter direito ao regime semi-aberto. Mas para conseguir o benefício, Suzane ainda tem de passar por um outro teste: um laudo criminológico feito por técnicos do estado e um parecer do presídio com um relatório das pessoas que convivem com ela.

Com exclusividade, o Fantástico teve acesso às informações dos dois trabalhos, que apresentaram conclusões contraditórias. Do carcereiro ao diretor do presídio, sete profissionais que convivem com Suzane foram unânimes: a jovem é uma presa exemplar.

“É uma detenta nota mil, na minha opinião. Se, pelo menos, 80% da cadeia fosse igual a ela, não precisava quase nem de guarda lá dentro. Não dá problema”, conta o funcionário do presídio.

“O parecer do presídio é bem objetivo e conclui que a Suzane sempre teve um bom comportamento, sempre respeitou as pessoas da unidade, sempre se relacionou bem com as demais presas. Portanto, merece a promoção prisional”, afirma o promotor Paulo José de Palma.

Já o laudo criminológico, feito por dois psiquiatras, dois psicólogos e uma assistente social, revelou outra face de Suzane. Apesar de os psiquiatras dizerem que ela não tem uma doença mental que ofereça perigo, os psicólogos e a assistente social identificaram um perfil dissimulado. Ter a aprovação de todos que convivem com ela confirmaria isso.



Dissimulado

O psicólogo Gilberto Rodrigues, que já trabalhou em presídios, descreve o perfil de um criminoso dissimulado. “Ela cativa, envolve e traz todos para o seu lado”, aponta. “Ela sempre responde para você com sorriso no rosto. Nunca está de cara feia ou amarrada”, contou o funcionário.

No presídio, Suzane estaria manipulando da mesma forma como fez no enterro dos pais. “Aquele choro estava acontecendo para ocultar uma verdade dela. Ela se torna boazinha aos olhos dos outros para esconder um traço que ela sabe que tem”, acredita o psicólogo Gilberto Rodrigues.



Ela é aceita entre as detentas, mas não querida. “Querida não, porque o pessoal tem muita repulsa com esse tipo de crime”, diz o funcionário. Além disso, Suzane evita comer a comida da penitenciária. “É servido a comida normal para elas todas, igual. Agora, ela prefere comer frutas, essas coisas que são trazidas para ela”, conta. E a única visita que recebe é a do advogado. “Família nunca vi família nenhuma por lá”, completa.

Durante todo o tempo em que está presa, Suzane nunca recebeu advertência. Mas os especialistas acham que também este é um ato calculado, como na entrevista que deu ao Fantástico há três anos. O relatório do promotor será entregue segunda-feira (27) à Justiça.

“A Suzane possui uma personalidade voltada a manipular as pessoas e também a trazer as pessoas para seu lado, para as utilizarem em benefício próprio. Certamente os técnicos, muito competentes, muito inteligentes e muito probos, foram influenciados pelo perfil psicológico da Suzane”, afirmou o promotor Paulo José de Palma.

O juiz responsável pelo caso tem até sexta-feira (31) para tomar uma decisão: dar razão aos técnicos do presídio ou aos psicólogos. “Deixá-la na rua significa que, no primeiro momento, que ela se sinta insegura e ameaçada, toda essa bondade, esse carinho, fica em segundo plano, e ela age descontroladamente. Ela pode fazer algo incapaz de ser previsto”, acredita o psicólogo Gilberto Rodrigues.

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